domingo, 29 de março de 2009

Mostra




"O que meus cadernos escondem


É tão somente


Um pedaço de mim


Que quer se mostrar.


(Abram as cortinas)"




Angelo A. P. Nascimento
1998

A envergadura de meus sorrisos

(Aniversário de Canca, no Seven - março de 2009)


Tem dias que não atualizo, mas a falta de tempo tem sido um dos grandes obstáculos para estar mais aqui, me "tratando". Estudos e trabalhos estão me consumindo bastante.

Algumas pessoas vieram me falar do blog e disseram o quanto estava legal, que se identificavam com alguns textos, que não tinham ainda se jogado do vigésimo andar, entretanto tinham medo de escrever e se expor. Apenas sorri...

Sorri, pois estamos num imenso reality show, observados e julgados instante a instante por pessoas conhecidas queridas e não queridas; pelos que nem sabemos que existem, mas nos vêem passar tão aflitos, escravos dos relógios; pelos entrevistadores de emprego; pela namorada e pelas casadas; pelo silêncio e pelas falas e até pelos animais que escolhem que simpatia ter por nós.

Será que aqui me exponho mais que no meu dia-a-dia?

Não escrevo para me expor, mas para externar as minhas feridas. Digamos que são rugas de minha história. O que escrevo aqui não me envergonha, apenas demarca qual era a envergadura de meu sorriso naquele momento.

E até os sorrisos têm dias largos e têm dias curtos.

Eu tenho os meus medos e por isso escrevo.

Escrevo para poder sair do escuro.


Boa semana a todos.


Angelo A. P. Nascimento

quinta-feira, 19 de março de 2009

Alvorecer

(Janela em Uberlândia - 2009)
















"Quero somente partilhar minha embriaguez,
Minha insatisfação,
Essa minha maneira de temer
Um mundo sem medida.
Quero seguir estupefato,
Escapar desse embrenhado de mim,
Romper o implícito,
Me mostrar humano,
Abrir janelas,
Alvorecer."
Angelo A. P. Nascimento

domingo, 15 de março de 2009

Carta para eu mesmo

Caríssimo eu,
Por onde andarás?
Saiu e não deixou recado,
Mas devo relatar um fato engraçado:
Tem um cara que é a sua cara,
Lá no espelho!
Pensando bem,
Ele não tem o seu sorriso,
Nem seu senso de humor singular.
Pra falar a verdade,
Ele até parece ser bem chato
E nada sociável.
Pô, velho eu!
Cadê você? Por onde anda?
O que tem feito?
Por que saiu sem avisar?
Eu ando por aqui, sem você
(Deu pra perceber, não é?)
Ando brincando com livros, remédios e algumas músicas,
Ando bagunçando a lua desses românticos namorados,
(Já contei que bagunçaram a minha?)
Ando fazendo escoriações no papel com a caneta,
Ando meio insone,
Tomando café com duas colherinhas de angústia.
Ah! Ia me esquecendo!
Manda abraços e notícias
Para aqueles velhos sentimentos que eu tinha.
Os quartos deles ainda estão vagos.
Até arrumei ontem
Com desinfetante de passado.
Ficou tudo com cheiro de "volta pra casa".
Abri as janelas pra entrar um solzinho,
Afinal, dizem que tira o mofo
(Sou alérgico a mofo, você se lembra?)
Bom, velho eu conhecido,
Vou terminando te anunciando
Que ando com costumes novos e tristes,
Com um ar meio soturno,
Um tanto calado
E com a pele do rosto bem hidratada
(Ando chorando com frequência, sabe?)
Vou terminar mesmo por aqui,
Sem mais delongas,
Olhando para ali,
Para o nada.
Fico aqui e espero até me encontrar
Ou encontrar você
Ou encontrar eu
(Que coisa confusa!)
Volte logo, viu?
Deixei a porta destrancada.
Quando entrar, faça barulho,
Solte uma daquelas suas boas risadas.
Estou louco pra te abraçar,
Mas antes disso,
Só porque você foi sem dizer nada,
Já está avisado:
Vou te encher de porrada!!!

Beijos pra você.
(Ou para eu?)
Angelo A. P. Nascimento
(2003)


sábado, 14 de março de 2009

Desenho palavriado

Hoje é o dia Nacional da Poesia e entre as coisas que escrevi, tem uma, de 23 de abril de 2001, que fala exatamente sobre como encaro esse universo de palavras.

Desenho diferenciado

Poesia:
Dulce sabor
Da língua na fonia
Flávia conjunção
Entre o papel e o coração
Quente toque
Do embalo da lúcia palavra
No seio da mãe linguística
Berço de ninar substantivo
E sujeitar sentimento predicado
Ao objeto ou ao ser amado
A sempre algo
Que algum coração observou
E transformou
Em um desenho palavriado.

Amor e orgulho

Esta foto tirei do céu mineiro. O dia parecia insistir em não cair.
Segue um texto dos idos de 2003.
Enquanto o coração se prepara para o amor, a mente se prepara para o orgulho. É preciso parar e pensar, pois a contraposição dos dois preparos torna inviável o viver. Todos nós precisamos de um alguém, não importando se a necessidade aflorará daqui a um minuto ou daqui a dez anos. O importante é admitir que não somos uma ilha ou algum tipo de sistema orgânico auto-suficiente, derrubando assim qualquer orgulho mesquinho que nos afaste da condição de humano, pois Deus fez o homem para o amor.
Enquanto as mentes tentarem racionalizar, quantificar e sistematizar o amor, estas serão consideradas despreparadas, pois aquele que consegue traduzir a dimensão do seu querer pouco ama.
O amor é algo para o qual nunca estamos preparados. Ele simplesmente vem e nos prepara os braços, as pernas, o coração e a mente para podermos receber a felicidade.

(Angelo A. P. Nascimento)
"- E se eu perder o meu coração?
- Eu te dou o meu."
(Perfeito diálogo)

Suas lembranças

Tenho febre
Loucura
Gritos
Frio
Insônia.

Tenho guerras íntimas
Tenho frases medonhas entre os dentes e a língua.

Tenho dias híbridos
Carregados de sua poesia
Que não foi escrita.

Subiu-me suas lembranças...

(Angelo A. P. Nascimento - 21 de novembro de 2004)

Sobre meninos e cachorros

Estava em um avião para Minas Gerais e, ao fazer conexão em Recife, comprei uma revista Super Interessante, a qual fala sobre como os cachorros evoluíram, o que remete ao meu post anterior em que falava sobre a possibilidade breve de iniciar a leitura sobre a teoria evolucionista de Darwin. Sintam a minha surpresa sobre a descrição dessas adaptações evolutivas desde os lobos até o nosso amável canis familiaris! A natureza é perfeita!
Dados interessantes expostos retratam a relação estreita que se desenvolveu entre o bicho cão e o homem, elevando esses primeiros ao nosso status de imagem e semelhança divina. Em verdade, o que é observado hoje é que cachorros e humanos se confundem no cotidiano, onde esses animais são inclusos como membros familiares, legítimos destinatários de todo o amor que haveria de ser apenas de outro irmão bípede.
Eu mesmo me peguei de quatro (trocadilho infame!), já que costumo dizer que uma schnauzer me cria, em vez do inverso. Sou proprietário (no meu perfil digo que sou pai! E sou mesmo!) de duas cadelas, uma Rott e uma Schnauzer, respectivamente Anuska e Athina. A primeira, enorme, desenvolveu um amor independente, sincero e, ao mesmo tempo, desengonçado, responsável por muitos desequilíbrios e quedas. Costumo dizer que ela é louca, pois destruiu todo o jardim de nossa casa, planta por planta, desperdiçando todo o dinheiro gasto com paisagismo, sem falar dos tapetes de grama carregados e os buracos cavados. Seu crescimento foi acompanhado com muito carinho, cercada de cuidados, beijos e abraços, porém seu reinado absoluto de pouco mais de um ano foi abalado com a chegada de Athina. Essa, sim, terminou de me quebrar as pernas e detonar o pouco de superioridade humana que me tinha restado.
Athina, por sua vez, em pouco tempo aprendeu a me colocar no bolso, a extrair de mim sentimentos estranhos, preocupantes, paternos... Lembro de seu primeiro adoecimento, as suas primeiras recusas de alimento, do domingo que vi nascer com ela dentro do carro em busca de uma urgência veterinária e as horas de fuga do trabalho só para vê-la e poder colocar aquela criaturinha grisalha no colo.
Nada disso é novidade para ninguém, afinal “Marley e eu” está aí para todos, em livro e em filme. Porém, eu tinha que dizer o quanto estou naquela reportagem que fala de secreções de ocitocina, de síndromes de dependência, de pouca variabilidade genética, de estratégias evolucionistas para seduzir o homem e conseguir alimento e todas as frentes psicobiológicas que tentam explicar essa relação.
Minhas explicações são mais simples. É amor mesmo, do mais simples, do mais puro, do mais gratuito. Outro dia até comentei com Athina, enquanto colocava água em seu bebedouro (falo mesmo!), que as pessoas deveriam ser como ela: alegres ao mínimo gesto. Com certeza, o mundo seria mais feliz, mais calmo, sem guerras e povoado de humanos criados pelos seus sábios cachorros.

Há quem não faça idéia do que falo. Desses eu só lamento ainda não terem se dado a chance de exercitar seus corações indefinidamente.

Ps.: Já estava morrendo de saudades delas. Papai as ama muito.

domingo, 8 de março de 2009

Mais de mim

Caros,
Me mandaram um e-mail no ano passado, tipo assim, 30 de setembro de 2008. Nunca demorei tanto pra responder um negócio desse. Mas como me consumiu esses meses todos, acho mais do que necessário partilhar com vocês um pouco mais de mim. Parece coisa daqueles cadernos que as meninas de escola, do primário (hoje ensino fundamental), passavam para que a gente pudesse responder. Me transportei ao passado.

Abraços.
Bom domingo.

01 - Que horas são?
17h 45 min
02 - Nome
Angelo Augusto Paula do Nascimento
03- Seu último aniversário
11 de abril, 30 anos
04 - Tatuagens
Tenho o lugar, não tenho o desenho. Mas td bem, tb não tenho a coragem!
06 - Piercings
Não
07 - Já foi à África?
Não. (Mas pra que ir lá, mesmo?)
08 - Já ficou bêbado?
Bêbado, trêbado, quatrêbado...
09- Já chorou por alguém?
Eu nem choro... quem me conhece sabe!
10 - Já esteve envolvido em algum acidente de carro?
Sim, infelizmente.
11 - Peixe ou carne?
Peixe
12 - Música preferida?
Lua e estrela (Caetano canta Vinícius Cantuária)
13 - Cerveja ou Champagne?
Na verdade, whisky, mas na falta desse, cai bem uma cervejinha...
14 - Metade cheia ou Metade vazia?
Metade de que? kkkk
15 - Lençóis de cama lisos ou estampados?
Gosto sempre de liso.
16 - Filmes(s) preferidos(s)?
Esse é fácil: Moulin Rouge - O amor em vermelho
17 - Flor(es) preferidas?
Gérberas.
18 - Coca-Cola simples ou com gelo?
Coca Zero, gelo e limão, mas estou pensando em tirar o limão, porque está rolando um e-mail dizendo que um homem no RJ morreu por causa do limão reagido com a Coca-cola. Pensando bem... Deixa o limão lá.
19- De que pessoa recebeu esse e-mail?
Alyryo Freire (você passou quanto tempo pra responder isso, meu filho?
20 - Quem dos teus amigos vive mais longe?
Renato, em BH; Wynston, em Fortaleza; Jamisson, em Aracaju... Espalhado o povo!
22- Quem você acha que vai responder a esse e-mail mais rápido?
Sei lá!
23- Quantas vezes você deixa tocar o telefone antes de atender?
Vejo sempre quem é antes.
24 - Qual a figura do seu mouse-pad?
Meu mousepad é ergonômico, com inscrições sobre com prevenir LER/DORT.
25- CD preferido?
Todos de Adrina Calcanhotto
26 - Mulher bonita?
Ana Hickman
27- Homem bonito?
Eu gosto muito do que vejo no espelho, mas se é pra escolher outro, acho que Brendan Fraser
28 - Pior sentimento do mundo?
Revolta
29- Melhor sentimento do mundo?
Amor, de todos os modelos.
30 - O que uma pessoa não pode ter para ficar com você?
Mesquinharia (odeio gente mesquinha!!!!!! Nojo de gente amarrada que divide centavos!!!!)
31 - Qual o primeiro pensamento ao acordar?
"Queria dormir mais um pouco!"
32 - Qual o primeiro pensamento antes de dormir?
Não penso. Durmo rapidinho.
34 - O que você nunca tira?
Eu sempre tiro tudo!!!!! kkkkkkkkkk
35 - O que é que você tem debaixo da cama?
Eu não ponho nada lá, mas deve ter poeira.
36- Qual a pessoa que talvez não te responda?
Sei lá.
37 - Aquele que com certeza vai te responder?
Wynston (não me decepcione, porque mandei esse e-mail pra um montão de gente)
38 - Quem gostaria que te respondesse?
Todo mundo!
39 - Uma frase:
"O que eu não sei fazer é porque ainda não precisei aprender" (minha autoria e filosofia de vida)
"I hope you don't mind that I put in words how wonderful life is now you're in world"
40 - Que dia é hoje?
30 de setembro de 2008
41 - Qual livro vc está lendo?
Só livros técnicos no momento, mas vou abrir hoje "A origem das Espécies", de Darwin. deve ser fantástico!
42 - Saudades:
De Doralice (minha tartaruga) e de muita gente que quero bem, de perto e de longe. Pra falar a verdade, tem certas pessoas que sinto saudade se eu perder de vista por mais de dez minutos! Exemplo? Valeska Fernandes, mas tem outra também. rs
43 - Conte um segredo:
Oxe! Se eu contar não é mais segredo!
44 - Razão ou emoção:
Sou péssimo nisso! Acho que luto pra descobrir a dose certa.
45 - Viagem inesquecível:
Tenho a memória boa e lembro de todas que fiz, maaaaas, se é pra citar uma que rolou coisas e que não dá pra dizer que não mudou minhas vistas, foi o Congresso de Pneumologia e Tisiologia em Sergipe.
46 - Lugar que quer conhecer:
Porto (Portugal) e Paris
47 - Medo:
De minhoca, lagarta e lesma.
48 - Dinheiro:
De ruma, pra juntar de pá, de preferência!
49 - Sonho:
Sonhos são muitos. A medida que realizo um, começo a sonhar outro. Hoje é terminar meu mestrado.
50 - Um prato:
De porcelana (não sei cozinhar)! hehehe. Adoro fagotinni com molho de manjericão.
51 - Esporte:
O que é isso?
52 - Religião:
Espírita, apesar de frequentemente (sem trema, respeitando as novas regras) me chamarem de espirituoso. kkkkkkkkkkkkkk
53 - Praia, cidade ou campo?
Cidade, com shopping e cinema!
54 - Sol ou chuva?
Chuva.
55 - Dia ou noite?
Dia. Tenho medo do escuro.
56 - Coordenar ou ser coordenado?
Coordenar, mas me adapto bem, pois sou bonzinho.
57 - O que alguém precisa ter para te atrair?
Vontade de viver e inteligência e cabeça e braços e tronco e pernas.
58 - O que mais te irrita?
Arrogância e indiferença.
59 - Cão ou gato?
Cadelas (Anuska e Athina)
60 - Perfume?
Issey Miyake, 212 Sexy Man, Kenzo Fresh
61 - Mania:
Internet e fotografia.
62 - Coleciona algo:
Beijos e abraços.
63 - Sua profissão:
fisioterapeuta
64 - Se não fosse, (A resposta daí de cima), seria?
Trabalharia com construção de softwares ou webdesign
65 - Que horas são agora:
18:08 (07 de março de 2009!!!)

sábado, 7 de março de 2009

Para o que eu não entendia

"Longe de mim querer te entender
Sigo somente a estrada infinita de tua poesia
Que deságua em delicados prazeres
E inunda de simplicidade cada espaço de nossos dias.

Sou demais incapaz de compreender,
Que estranha harmonia te carrega nos braços,
Que desejos te emocionam
E que movimentos tua imaginação prescreve nos ares.

Mas, se contudo ainda posso aplaudir
Não importa o quanto eu esteja distante,
Pois certamente já brilha no horizonte
A luz do sol que incendeia nossa alma
E a vontade de descrever os nossos sonhos,
Palavra por palavra."

(Angelo A. P. Nascimento - 05 de abril de 2000)

A janela do meu trabalho

Bem, pessoal, este post não merece palavra qualquer que ventile prosa ou poesia, porque trata-se da imagem da janela do prédio em que trabalho.

Poucas palavras pra que essa foto fale por si só.

Ao longe vê-se o encontro do Rio Potengi com o mar, a ponte Forte-Redinha, o cais e a Ribeira.

Bom fim de semana a todos. Essa beleza é para guardar no fundo do pâncreas.

O bom e o belo

Fui brincar de HTML e acabei desorganizando todo o meu blog. Só quis deixar mais bonitinho por aqui...
Passarei alguns dias consertando isso tudo, mas essa é a graça do admirável mundo novo.
E por falar em beleza, segue essa poesia. Vi em uma camisa e achei muito bacana.

Abraços

"Quem é belo
É belo aos olhos e basta.
Mas quem é bom
É subitamente belo."

(Safo de Lesbos)

terça-feira, 3 de março de 2009

Uma de Mário Quintana

Aqui também imagino colocar não só fotos e escritos meus, mas também coisas que admiro ou acho curiosas.
Eu mesmo adoro o jeito com que Mário Quintana fala de qualquer coisa, sua maneira singular de recortar realidades e emoldurar em poesia. Esta que transcrevo sempre me chamou a atenção de um modo especial. Vejo-a como um pedido mansinho, como que vindo de alguém que pode quebrar a menor pressão de um amor arrebatador. Para completar, achei essa foto fantástica que personaliza toda essa delicadeza e vida descritas no poema.














"Se me amas
Ama-me baixinho
Não o grites do telhado
Deixe em paz os passarinhos
Deixe em paz a mim
Se me queres enfim
Tem que ser bem devagarinho
Pois a vida é breve
E o amor mais breve ainda."
(Mário Quintana)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Merthiolate

Se acaso pudéssemos nos apaixonar quando crianças, talvez não nos apaixonássemos adultos, porque afinal, a gente não bota o dedo na tomada hoje, porque quando tenros infantes, fomos lá e tomamos aquele choque! A gente sabe que gostar pode doer e ainda assim vai lá dar a cara a "bufete" ("bufete" é "véio" demais!!!!!). Mas como a gente é teimoso, engessa uma perna, atadura no braço, passa merthiolate aqui e ali e assopra um pouquinho (porque sou do tempo que merthiolate ardia) e pronto! Estamos prontos pra outra!
Mas por falar em merthiolate, acho que essa memória curta que gera repetições em se machucar vem daí. A gente se divertia para se acabar e, no meio de tudo, ganhava um arranhão de brinde. Chegava em casa no charminho do choro, acudia "mainha" ou "painho", tome carão e mimo, olha daqui e dacolá, depois iam ao banheiro (chique era ter armário com porta de espelho no banheiro) e voltavam ao som da trilha sonora de "Tubarão" (tantantantan), de Spielberg, com aquele famigerado vidrinho na mão, um sorriso nos lábios e a frase enganosa cuspida:

"Vai arder não!"

Mentira!!!! Mentira!!!! Doía muito! Só aí vinha o golpe de carinho que era aquela sopradinha e a promessa de morte certa aos bichinhos invisíveis que iriam levar você ao óbito indiscutível (que drama!!!)!

Mas, ainda assim, depois de toda a cena, terminava o dia, todo mundo no soninho, vinha a casquinha (com ela a mania de assistir a tv arrancando os pedacinhos - argh! - mas quem nunca fez isso? Não negue!!!) e depois, tava lá: todo mundo encarnado na carrapeta caçando seu próximo arranhão candidato ao vermelho do merthiolate.

Acredito que seja essa a causa de nossa imbecilidade desmemoriada afetiva. Para comprovar a minha teoria, só peciso me lembrar de alguém que soprou minha feridinha, quando me arrebentei de gostar.

Pensando bem, melhor nem lembrar... Vai que quem soprou, aproveitou, me engabelou e me beijou?

É... Conselho do dia: tenha sempre um vidro de merthiolate, mesmo que não seja para você. Pode ser para passar em alguém e soprar...


Ps.: Lembrei de pomada minâncora, vick vaporub, leite de magnésia, biotônico fontoura, melhoral infantil, xarope vick, maracugina e o pior de todos: emulsão de scott!!!!



"Que farei, quando meu corpo lembrar-se de arder ao acordar?
Que farei, quando cada coisa parecer retomar o seu lugar,
Quando todo café insistir em exalar o cheiro de seu beijo de intervalo de trabalho?
Que farei eu, se a cama não parar de me agitar,
Se os meus sonhos não pararem de sonhar,
Se minha luz simplesmente não quiser se apagar?
Que farei eu, com toda essa música que não toca,
Com todos esses dedos inquietos,
Com toda essa risada indisposta?

Duvido muito que eu me lembre
Que esquecer é a melhor forma
De me reformar."

(Angelo A. P. Nascimento)
Novembro de 2004

domingo, 1 de março de 2009

Permissões

"Deixa-me errar um tanto
E, se houver generosidade,
Deixa-me errar inteiro.

Deixa-me apenas seguir
Sem perfeições
Sem perturbações
Sem cobranças.

Deixa-me errante
Deixa-me amar
E morrer de te amar..."
(Angelo A. P. Nascimento)

"Nas coisas essenciais, unidade
Nas não essenciais, liberdade
E em todas as coisas, amor."
(Santo Agostinho)
Uma ótima semana cheia de amor e vitórias para todos nós!
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