sábado, 28 de fevereiro de 2009

Esfinge


Decifra-me
Ou te devoro!
Mas se me decifrares,
Devoro-te assim mesmo.

(29 de fevereiro de 2000)

Pertences

Tirada em janeiro de 2009Sou tão teu
Que já nem me encontro
Se pensando em ti me encontro.
Angelo A. P. Nascimento
(17 de fevereiro de 2000)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Noite de lua



Este texto é de 06 de abril de 2000, da agenda que já comentei.


Noite de lua


Um dia desses, estava bebendo cerveja na lua, quando eu encontrei um amigo seu jogando cartas com as lunáticas. E então ele me contou tudo sobre você e sobre as coisas que você esconde além de sua agenda, atrás da tela do computador, dentro de sua cabeça. E ele foi honesto, como você sempre foi.

Queria que você tivesse nos visto... Bebendo e rindo como velhos amigos de colégio, como sempre fizemos. E ele falou sobre coisas também não feitas, como abraçar filhos antes de largá-los na escola, como decifrar gracejos que amantes trocam em sua própria língua. Falou até sobre o medo, porém sem nos temermos. Ele me apresentou seus amigos, um bando de duendes e fadas e nós tocamos violão durante toda noite lunar... Músicas que vamos lhe ensinar a gostar até o nascer da terra.

Aí, apostamos corrida até um cinema para assistirmos um filme que nos despertasse infâncias que se engavetaram com o passar da idade. Queria que você estivesse conosco para falarmos um monte de bobagem com a boca cheia de bolacha e para que eu pudesse ouvir novamente a melodia do seu riso.

Queria muito, mesmo...


Angelo A. P. Nascimento

Revendo a vida!

Postar minhas idéias aqui tem sido uma catarse. Embora haja textos que deponham sobre o meu presente, a idéia principal de construir esse blog é a de expor coisas que escrevi em outros tempos. Nesse processo, tenho conseguido reunir anotações de capas de caderno, de rascunhos de escola e faculdade, de agendas e de outros papéis avulsos que rabisquei e guardei meio que intencionalmente.
É interessante juntar esses “pedaços” de mim mesmo e perceber que muitas coisas se transformaram beneficamente. Percebo ainda que outros aspectos persistem firmes, como que cristalizados e merecem um repaginação, para que eu possa seguir tranqüilo. Esses entraves explicam muito de mim hoje, minhas limitações e angústias pessoais.
Uma parte de mim resiste a continuar mostrando minhas imaturidades de hoje e de outrora, mas uma outra parte simplesmente agradece por poder sair e se exercitar pelo mundo.
Hoje é simplesmente um dia similar a outros, mas também achei isso quando escrevi minhas passagens em tantos outros momentos. Pelo fato de vasculhar minha vida em busca de respostas, achei minha agenda de 2000. Está lá ela, aparentemente cheia de dias comuns como o de hoje. Apenas aparentemente, porque rever tudo faz com que os passados dias adquiram uma confortável certeza de singularidade.
Encontrei no misto das palavras de José Ortega Y Gasset e de Ibrahim César um trecho que descreve algo próximo de meus sentimentos atuais:
“’Eu sou eu porque sou, antes de tudo, essência. E uno, único, indivisível. Posso ser copiado, imitado, mas não duplicado em mente e alma. Sou o resultado de meus pais, meus avós, meus ancestrais, todos vivendo dentro de mim e ao mesmo tempo agora. Sou também fruto das ‘circunstâncias’, do imponderável, do ambiente. Das pessoas que me cercam, das com quem me relaciono, das que me dão ouvidos e das que me dão palavras. Daquelas que ao me encontrarem levam um pouco de mim e deixam um pouco de si. Que me depuram, que me lapidam, que me transformam. Mas é certo que são “minhas” circunstâncias, posto que posso elegê-las.
“Eu sou eu e minha circunstância e se não a salvo, não salvo a mim mesmo”.
Na expressão completa existe o descobrimento de si, o homem contemplador, e a clara percepção da vida que exige as nossas ações, pois o mundo gira e, queiramos nós ou não, somos parte da engrenagem do universo. Define-se o caráter do homem atuante em torno de si próprio.
Nunca concluso em absoluto, sempre me dando a chance de reformular minha estrutura, acho que estamos fadados a ser observadores de nós mesmos para aprender com os erros e melhorar os acertos. E isso não é bom nem ruim, apenas faz parte da existência.
Agora revalorizo meus dias.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Amor

Esse é um texto meu antigo, que inclusive é face introdutória de uma comunidade no Orkut.

O Amor

"O amor não é conhecimento,
é reconhecimentode duas almas,
de dois corações,
de dois olhares.

O amor é eloquente no seu silêncio,
é delicado nas suas mãos,
é significante e significado.

O amor é um ato de coragem,
é uma prece feita na paz que sucede qualquer grito,
é o companheirismo gratuito,
é o passo definido.

No amor não cabe arrependimentos,
só risos,
só luz,
só paz,
só instinto."

Angelo A. P. Nascimento

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Amor a gosto e uma pitada de Neruda

"É proibido chorar sem aprender,

Levantar-se um dia sem saber o que fazer

Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas

Não lutar pelo que se quer,

Abandonar tudo por medo"

Pablo Neruda

Culpa


Longe das cultas elaborações do vernáculo, a culpa emerge como sentimento indomado, pernicioso, persistente e doloroso. A culpa manifesta-se organicamente ativando vias sensitivas próprias do estímulo de dor, que respondem ao compasso da rejeição.
Rejeição, por sua vez, implica no ato de não aceitar, o que traduz-se em não se aproximar, não acolher, não responder ou simplesmente ignorar a presença de coisa qualquer ou outrem.
Mais do que qualquer situação, sentir-se "outrem" nos nivela à condição mundial de equidade populacional, o que geralmente desencanta a pessoa humana, que nasce e cresce em meio ao famigerado desejo de não seguir só, de encontrar o alguém que nos faça ascender da condição de igual, nos aplicada desde o singular momento do entendimento pessoal e conceitual de ser gente.
Própria dos humanos, a culpa traz a reflexão interior de que algo poderia ser diferente se uma atitude se resignasse humilde e passasse do plano imaterial para o palpável absoluto.
Trazer a culpa para si é bem mais do que ser meramente culpado. É o suspiro último que temos antes de admitir que não temos culpa. Por querer tanto algo, desejamos visceralmente, como num tipo de autoflagelação, que aquilo dependa de nossa vontade e atitude. Queremos ter o poder de mudança porque queremos que tudo se conserte, mesmo sabendo que as engrenagens do sofrimento não funcionam de maneira tão simplista; mesmo sabendo que o mundo é consertado quase sempre a quatro mãos...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Todo carnaval tem seu fim



Domingo de carnaval!
A essa hora,
alguém já beijou muito,
alguém está deslumbrado com seu primeiro carnaval,
alguém já está planejando o próximo carnaval,
alguém está triste por não ter ido,
alguém está péssimo por ter terminado o namoro,
alguém sequer sabe uma música baiana e nem por isso deixa de pular,
algum religioso quer se tornar pagão,
outros apenas esquecem que são tão religiosos
e alguém se engana embriagado sem saber que todo carnaval tem seu fim.

"Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda Bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
...
Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz"
(Los Hermanos)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Início de semana... Renovar-se.

Foto tirada em um lago, no caminho para Currais Novos - RN

Já dizia alguma poetisa aí que não me lembro o nome: "é preciso renovar-se!" Reformular-se é uma necessidade básica para poder seguir em frente sem permitir que pedaços seus fiquem ao longo do caminho. Encontrar uma nova saída, encontrar uma atitude ponderada, encontrar a tranquilidade frente as coisas impassíveis de mudanças. Aceitar que precisamos uns dos outros não é a mesma coisa de se admitir dependente. Ao passar do tempo, descobrimos que nossa independência cresce à medida que nos relacionamos sadiamente com outras pessoas. Isso é renovar-se, manter-se em movimento. Deixar coisas para trás que já não nos revestem de seguranças, embora haja dor no processo. E geralmente sempre há...

Tudo que precisamos é encontrar a fonte que jorra a coragem para a mudança que todos nós procuramos. Não percamos tempo procurando em lugares ermos, em outras pessoas, em objetos. Olhe apenas para dentro de si. Não tudo, mas quase tudo que você necessita para ser melhor está lá. Acredite em você! Tire um tempo e viaje a si mesmo. Você próprio é um grande espetáculo!


Angelo A. P. Nascimento



"Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue... Se sentir saudades, mate-a! Se perder um amor, não se perca! Se achá-lo, segure-o. Circunda-te de rosas, ama, beba e cala. O mais, é nada!"

(Fernando Pessoa)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Coisas antigas e atuais

Mexendo nas minhas coisas guardadas encontrei esse arquivo. Fiz esse texto há alguns anos e o vídeo mais alguns anos depois. Era para mandar paras os amigos em dezembro de 2007. Ficou tão grande que não deu pra enviar pra ninguém. Entretanto a mensagem sempre serve para todos os anos.

Coisas que estranhamente se cruzam



Lembro bem o lugar (Prudente de Morais, em frente ao posto, perto do Pitts), lembro bem o rosto, lembro dela começando a tocar. Lembro que o olhar era firme, como se cada coisa que estranhamente se cruzasse no mundo fosse por essa causa, por aquele momento, por aqueles dizeres e quereres.
E por ela dizer tanto, o mundo inteiro renasceu naquela hora.
Por todos os motivos, te amo tanto.
Só por lembrar...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Dono da felicidade

Nesse dia, faltou só o meu amor pra ter sido dez. Às vezes me impressiono como se pode gostar tanto assim...

"Quem sabe
Que ao certo
Não se sabe
O quanto de amor cabe no peito
E a quantidade de saudade
É quem ama
E esse é só aquele
O dono da felicidade."

Angelo A. P. Nascimento

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A felicidade, desesperadamente...


Praia de Touros - 2009




Nós sabemos muito pouco da vida. Não importa a idade, a seriedade ou as cicatrizes, sempre seremos ignorantes sobre, porque boa parte dela está nas coisas que não temos tempo de olhar.


Embora tenhamos adquirido esse costume, tem momentos que ela própria nos obriga a enxergá-la e ficamos pasmos com a simplicidade de toda a beleza que nela existe. E nessa hora, tudo parece tão possível, tão palpável que procuramos apenas a felicidade, desesperadamente...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A Semana que se inicia


Esse texto escrevi em outras épocas também. É
o último que resgato de meus antigos escritos. Fico impressionado como determinadas coisas do fundo do pâncreas continuam com serventia atual para
todos nós.

Lembrando de uma pessoa que não vejo há muito tempo, mas que me afinava muito quando tive um flog:

"Abraços a todos.
Beijos a quem merece."


Mais uma semana se inicia. Mais uma vez o tempo passa rápido, sem que percebamos. Mais uma vez somos levados a nos dar conta que a vida se encurta de uma maneira singular, severa e irreparável.
Não percamos tempo com a solidão, com aquilo que deixamos de falar, com os atos que deixamos de fazer.
Abrace mais;
beije mais;
diga que ama a quem merece;
sonhe mais, mas realize muito mais ainda;
corra atrás do grande amor que acaso você tenha deixado passar;
se não encontrou, aproveite seu tempo com bons pensamentos e ações;
volte a falar com alguém que você brigou e veja o quanto foi pequeno o motivo;
desfaça-se de uma atitude de orgulho;
beije seus pais e avós, se ainda os tiver...
descubra um lugar tranquilo e lindo;
escute uma música;
desprenda-se de uma lembrança ruim, ela precisa ir embora;
faça algo por você, de verdade!
Seja Feliz hoje e sempre e não adie mais sua vida para a próxima segunda-feira.
O dia certo é a partir de agora.

Uma semana maravilhosa.
Sucesso a todos.
Faça desta, a primeira das melhores semanas de sua vida.

Fica um poema de Cora Coralina, uma mulher simples, que vi quando criança, na sacada de uma janela de madeira, e, mesmo sem conhecê-la, chorei ao saber de sua morte.


NÃO SEI...
Cora Coralina


Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...
se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Um dia enfadonho...

Praia de Barra de Maxaranguape - 2009

Hoje foi um dia enfadonho, desses que, caso pudéssemos, nem da cama levantaríamos. Resolvi problemas, rodei pra lá e pra cá, não produzi no trabalho, nada de academia e uma chuvinha insistente no fim da tarde.

Hoje estou de mau humor! Estou pensativo demais! Queria conversar, mas ao mesmo tempo me calar...

Entretanto, já estive um dia assim. O transcrito abaixo foi de outro ano e acabei sobrevivendo. Passou naquela época e nessa também vai passar!

Que venham as forças do fundo do meu pâncreas!


“Hoje acho-me grave, breve e irresoluto.

Acho-me longe das filosofias, dos conselhos, das convenções próprias da humanidade.

Hoje eu não quero ser nada, nem ninguém.

Não quero me sentir meio ou resto de qualquer pessoa.

Quero me sentir tudo, mesmo que em mim não caibam “todas as dores do mundo”.


Hoje tenho a sensação de evasão,

De escorrer por entre as mãos que deviam me segurar.

Hoje quero colo,

Quero música,

Quero o som do violão.

Quero torrar lembranças ruins

Quero sorrir para as melhores que tiver.


Quero apenas um pouco de paz,

Quero poder tocar uma fatia de luz,

Quero poder delirar sem loucuras,

Quero que o horizonte se incline e deixe o mar seguir outra maré.

Quero deitar, olhar o teto e pensar em tudo sem me preocupar.

E se der vontade, quero nem pensar,

Apenas esvaziar...”


Beijos a todos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Quem sou eu?

Bom, já que vamos nos revelando, essa aqui foi mais uma que escrevi em outras épocas. Tirei mesmo lá do fundo. Esse era eu em 2005. Ou será que ainda sou esse?
Como diria Álvares de Campos:


"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!"

Abraços

"Deus abençoe a sua pele branca,
Os seus cabelos,
Os seus pêlos,
Os seus dedos tão vivos.

Deus abençoe a sua saliva,
Seu riso desmedido,
Sua expressão de criança
E a sua maneira simples de olhar.

Deus abençoe suas pernas,
Seus joelhos e
Sua barriga trêmula a minha língua.

Deus abençoe esse rosto sereno,
Esse sono intrigante e inocente
Esse corpo de sossego,
O seu cheiro,
Esses lençóis e esses travesseiros.

Deus abençoe essa minha noturna travessia..."
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