domingo, 19 de abril de 2009

A amizade no vigésimo andar

Praia de Pipa (Abril de 2009)
Procurei a palavra “amizade” no dicionário e achei a seguinte definição:
amizade
s. f.
1. Afeição recíproca entre dois entes.
2. Boas relações.

Tão simples, mas tão bonita... Nunca a vi como algo mais complicado que isso.
Sempre a vi como algo implicado na felicidade de duas pessoas, sem o peso dos laços familiares, sem a urgência da paixão e sem a exclusividade própria do amor.
É tão capaz de partilha que nada nos aproxima tanto da humanidade que Deus planejou para nós.
Amizade é isso mesmo e mais do que isso, pois tem partes dela que são impossíveis de descrever. Amizades são risos, silêncios, abraços, repreendas, apoios, noites atravessadas em claro com as mais estranhas histórias...
Amizade é o congraçamento de corações. (Gosto de como defino isso)
São companheirismos prosperamente frutificados, cheios de “olho no olho” e percepções nem sempre sutis sobre o outro, mas sempre divertidíssimas. É a língua de um país de dois habitantes. E que país! Cheio de gargalhadas e confidências; cheio de exposições; cheio de cuidados trocados.
É um laço tão forte, que o dizemos como a família escolhida.
É o ouvido que nunca ensurdecerá.
Então, em que momento os amigos se perdem de nós? Em que momento desavisado tiram nosso amigo de campo? Em que momento o jogo continua desfalcado?
Há bons candidatos a novos amigos que virão dizendo que, se aconteceu isso ou aquilo, não era amizade de verdade. Eu os contrario. Até ali era, sim! Era forte o suficiente para diminuir os pesos da vida. Era alegre o suficiente para colorir faces tristes. Era humano o suficiente.
Era amizade, sim, até ali...
Mas e o depois? Que haverá depois do amigo ausente?
Ninguém nunca deveria se sentir tão sozinho.
Apenas queria dizer da minha limitação em compreender como a afeição verdadeira e recíproca se perde em meio ao caminho.
Fica somente a ocupação em sobreviver do vazio que fica.

Palavras de Drummond:

“Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.”
(A um ausente)

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