Escrevo como quem se desespera
Como garotas que esperam em janelas interioranas
Como flores baldias que crescem desodernadas
Como se o amor fosse feito de taipa
Escrevo para olhos cegos
Para o seu coração despreparado
Para amarrar sentimentos e braços
Escrevo como quem procura
O verso perdido na sala
Na cozinha
Na chaleira
Atrás das cadeiras
Escrevo por não se ler o dito
Por viver clichês
Vexames
E o coração em nudismo
Escrevo como se fosse cheio de desgraças
Como se fosse criança e não brincasse
Como se castigo consertasse
Aquilo que insisto sentir.
Angelo Augusto Paula do Nascimento