domingo, 23 de outubro de 2011

Como se o amor fosse feito de taipa


Escrevo como quem se desespera
Como garotas que esperam em janelas interioranas
Como flores baldias que crescem desodernadas
Como se o amor fosse feito de taipa

Escrevo para olhos cegos
Para o seu coração despreparado
Para amarrar sentimentos e braços

Escrevo como quem procura
O verso perdido na sala
Na cozinha
Na chaleira
Atrás das cadeiras

Escrevo por não se ler o dito
Por viver clichês
Vexames
E o coração em nudismo

Escrevo como se fosse cheio de desgraças
Como se fosse criança e não brincasse
Como se castigo consertasse
Aquilo que insisto sentir.

Angelo Augusto Paula do Nascimento

sábado, 22 de outubro de 2011

A vida entreaberta



Na cabeceira
Livros
Papel
Caneta
Nenhuma emoção
Apenas a vida entreaberta...

Angelo Augusto Paula do Nascimento

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Para onde foi?



Há tempos não consigo escrever
Meus pensamentos não param
A minha poesia
Transita na contramão
Toda a beleza
Do que não digo
Se guarda
Acumula
Aprisiona e não escapa
E sigo sem sentido
Palavras que não se juntam
Divorciadas daquilo que sinto

Guardanapos
Rascunhos
Telas
Teclados
Nada recolhe o sentimento espalhado

E para onde vai
Essa coisa
Esse eu que já não se esvai?

Para onde foi
A voz do meu coração?

Angelo Augusto Paula do Nascimento

domingo, 2 de outubro de 2011

Utopia



A partir de então
Eu seria livre
Só haveria risadas de crianças
Amanheceriam só domingos
E as cores teriam que ser renomeadas
Conforme sua emoção
Todos aprenderiam a tocar violão
Nossa velocidade, de acordo com nossa paixão

A partir de então
Nada seria para doer
Seríamos capazes de perdoar a nós mesmos
Brincaríamos todos sem medo
Morreriam o orgulho e seus senhores
Existiriam cirandas e flores
Abraços e amores
Para todos os corações

E a partir de então
Eu te encontraria de novo
Nos olharíamos com espanto e novidade
Conversaríamos milhares de amenidades
E pareceria que nos conhecíamos há anos

Veríamos o dia terminar
No reflexo do olho do outro
E você se perguntaria
Sobre nossos receios
E eu te daria um beijo na testa
Faríamos travesseiros com seus livros
E de mãos dadas
Acabaríamos por dormir

E, ao acordar,
Estaríamos ali, um para o outro
Seria domingo de novo,
Não haveria por que terminar poemas
Seria apenas
O Silêncio e sua eloquência
E não haveria por que partir...

Angelo Augusto Paula do Nascimento
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