sábado, 12 de novembro de 2011

Desoferecer


Me conta do fim
Das palavras que sangraram
Conta de novo
Quero escutar tudo que perdi
Enquanto parado
Não acreditava
Nas coisas que abandonávamos aqui

Não, não há compreensão
Pela sala procuro os controles
Do remoto sentimento
Que se dilui
Sem cheiro
Gosto
Ou qualquer sintoma de erro

E tudo chove
Desmancham-se as tintas
Lembranças coloridas
E de braços bem abertos
Afasto o mundo em volta

Tudo se rarefaz
Contra a minha vontade
E meu único medo
É esquecer
Que um dia tive tanto amor
Por viver tanto esse desoferecer.

Angelo Augusto Paula do Nascimento

7 comentários:

Luna Sanchez disse...

Ilusão e pretensão pensarmos que acharíamos tais controles, néam, Angelo? Se existirem jamais estarão nas nossas mãos, jamais.

Adoro sentimentos derramados e são lindos os teus.

Um beijo.

Unknown disse...

Obrigado, Luna, por sua constante presença e comentários tão cheios de vida. bjs

Poeta da Colina disse...

O amor é um lugar mais profundo do que a memória.

disse...

O reverso do verso. Do gosto ao desgosto. O fim do caminho.

O começo é sempre belo e estonteante. Mas como a aposta é sempre grande, o final aos céus pertence e que seja eterno enquanto dure. A energia final nunca é contada, mas é sentida avassaloramente doída.

Marcio Nicolau disse...

Dê uma olhada neste, Ângelo: http://campoinsolito.blogspot.com/2011/10/de-corpo-e-alma.html

Teu poema me remeteu a ele.

Unknown disse...

Disse tudo, Ju... avassalador e doído. Pq td poeta tem que ser triste?
bjs

Unknown disse...

Tenho certeza disso, Poeta da Colina. O amor é muito mais profundo... Abração

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