Eu perduro minhas neuroses
Pendurando-as nas orelhas, nas narinas e em meus pelos
E busco a rua que minha janela não vê
E durmo agoniado comigo mesmo.
Eu não pratico essa paz infinita
E esse bem estar uníssono e sonoro
Pois, minhas dúvidas, ponho-as na boca
Nos olhos e nas pontas dos dedos.
Nesse caminho que todos falam seguir
Eu apenas sigo o fluxo
Esperando achar o endereço
Que nunca anotei de mim mesmo .
Eu armo minhas neuroses em um varal
Estandarte de minhas fraquezas
Onde, complexas, se organizam como partituras
De músicas de bares e botecos embargados de insobriedade.
Cabisbaixo
Quero achar aqueles trinta e dois anos
Que meu espelho denuncia
E minha alma renuncia.
Minhas dores,
Somente elas
Sabem doer do jeito delas.
[Às vezes,
E apenas às vezes,
A vida se distrai
Desse tanto tempo que nos remonta.
E nessa hora, temos um lampejo de felizes,
E voltamos a primitividade de não pensar.
Somos então libertos de tudo
E deixamos de estabelecer lógicas
Para unicamente sentir]
Deus salve os instintos
E sua capacidade de romper as monotonias.
Deus perdoe as minhas neuroses
E essa minha condição vil de racionalidade.
[Onde estou, mesmo?]
Angelo A. P. Nascimento
6 comentários:
"acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer"
Millor Fernandes
Quando pensamos não acreditar, devemos mudar o foco de nosso olhar e logo nos aperceberemos q as borboletas continua a voar ... e assim elas nos confortarão e nos convidarão a alçar novamente os nossos vôos ...
fica bem querido Angelo
bjux
;-)
Benditas neuroses que nos salvam das psicoses!
Show!!!
Demais, Angelo!
Agrdecida e feliz, vim retribuir a visita e encantei-me com os teus escritos.
Voltarei sempre.
Grande abraço!
Angelo,
Percorrendo teu escrito e deslizando sobre a imagem,
recordei dos vazios que se partem numa flor e sucumbem nosso abandono.
Beijos
Deus perdoe minhas psicoses.
"Eu armo minhas neuroses em um varal" eu também as minhas
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