Se faltar carinho
Lembra que eu existo
Que não são tão distantes
Meus dedos dos seus cabelos
Se tudo parecer difícil
Enquanto que vivemos isso
Lembra das pernas
Que mal alcançavam o chão
Do amor que nos sustentava
Mas se faltar algo mais
Se faltar a paz
Se houver desatino
Lembra que sou eu seu menino
E que palavras não vão consertar
O que um dia quebrou
Mas abraços são mais que fatos
E eu posso tentar
Pelo incerto tato
Essa poesia
É só para amainar
O vento frio
Que bate no rosto pra secar
Você sabe bem onde dói
Você sabe bem onde está
Não inventa, meu bem
De nos abandonar
E será apenas mais um beijo
Para provar
Por que a saudade maltrata
E não nos deixa descansar
E vivemos sem graça
Pois se lhe perdi pro mundo
Está na hora de regressar
E nada do que diga
Talvez possa mudar
Mas só dizendo
Para saber
Se serão flores que irão brotar
E a coragem e o medo
Fazem parte do mesmo consentimento
Olha, que tarde
Olha a noite que invade
E as madrugadas que viram dias
E dias que viram sem te tocar
Ah, meu o quê não sei
São essas luzes
Essa decisão
Esse debruço na janela
Essa música
Que você escolheu
Para lembrar de me rejeitar
Nada sai assim tão grave
Às vezes só quero me encostar
E mesmo sabendo
Onde vai parar
Faça o favor de achar o certo de me matar
De perder a hora
De me desalocar
Acho que tudo acato
Se o que for dito for preciso
E é tão bonito
Dizer o que for sentido
Apenas feche o ciclo
E deixe-me partir
Deixe-me desamar
Embora sei que hei de falhar
Aceito...
Angelo A. P. Nascimento