segunda-feira, 30 de maio de 2011

Perdão



Enquanto caminho
Eu lhe peço perdão
Pela falta de coração
Pelas asas que você perdeu
Por não mais saber voar
Por constantemente se afogar

Eu lhe rogo o perdão
Por eu ter perdido o condão
De transformar casas tristes
Em mansões felizes
Por nunca voltar
E deixar morrer
As plantas que não pude aguar
Por não fechar as portas e janelas
Por te deixado as contas por pagar

Eu lhe peço que me perdoe
Por tudo que eu não souber mais falar
Pelas canções e pelas palavras álgicas
Pelo desacerto e pelo desconcerto
Pela indiferença e pelas diferenças
Por nada mais saber
Sobre mim
E sobre você. 

Angelo A. P. Nascimento

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Campo de flores minadas


                                         
Eu penso tanto em tudo
Que meus pensamentos
Arremedam a sua voz
Como se dessem a resposta
Ao que não entendo
Por você não dizer

E essa coisa aqui por dentro
Esse estranho espaço branco
Não tem lápis que o risque
Mas tem nódoas
Que em nada se acanham
Em sujar minhas lembranças

Sigo manchado
Por letras
Vozes
Fatos
Abraços
Beijos
E adeuses

E se penso na retomada
É sozinho que marcho
Nesse campo de flores minadas.

[Eu, beija-flor
Você, explosivo]

Angelo A. P. Nascimento

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pela cidade





E pela cidade
Iluminado por luzes amarelas
Meu amor tansita caótico
Cortando sinais
Acidentado-se em suas esquinas.




Angelo A. P. Nascimento

domingo, 22 de maio de 2011

Uma oração para salvar seu coração

Encontrei essa música no blog Expressões e Impressões e achei tão perfeita, que só ela para dizer o que sinto esses dias. Fica para vocês, nesse domingo, boa música, boas letras e uma oração perfeita.
Angelo A. P. Nascimento



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Marvada cerveja

Nossas mãos que calejam
Nossas almas assustadas
Nossos corpos surrados
Essa nossa vida
Bem e mal amada

Tudo doía de forma humanamente frágil
Na imaturidade
De nossas circunstâncias.

[Marvada cerveja
Beleza, apenas beleza...]


Angelo A. P. Nascimento

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sereno


O silêncio
Vento mudo
Cai como sereno
Tenso e curvilíneo
Abóboda desestrelada

Como cobertor,
Serve as minhas
Tenras tolices que se esgotam
Resfriadas pelo vazio de cada fria hora

O silêncio
Luzes e postes
Inúteis pela madrugada
É tão confuso
Por apagar-se nas palavras
Que gostaríamos de escutar...


Angelo A. P. Nascimento

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fardo

Tem um pesado fardo a noite
Que carrego sobre a cabeça
Num malfadado sentimento à parte
Tudo porque vi
A expressão divina de sua fala
Outra vez a mim apontando
E suas risadas
Músicas e baladas
Barulho fortuito
Que não me deixa dormir

Esse pesado fardo
Que me desequilibra
Entre ficar e partir
Deixa à mostra lacunas de concupiscência
A se preencherem de porvir
Deixa-me ver perfeição no imperfeito
E vislumbrar-me com a incerteza
De todo e qualquer pleito
Do amar e não sentir
E de ensurdecer aos ecos
Que gostaria de ouvir

É que as coisas que estão sendo olvidadas
Nunca se olvidam
No completo desmoronamento
Das razões e das paixões
E não me permitem
Ser homem ou animal qualquer

Será então
O amor bastardo
Ou o amor legítimo e sem fim?

Esse fardo é essa lua
Que enamora o impossível
E flutua sobre
Essa incessante passagem
De você por minhas carnes.

Angelo A. P. Nascimento

sábado, 7 de maio de 2011

A teoria da placa



          Hoje é um bom dia para iniciar uma nova caminhada! Mas antes, gostaria de abrir meu discurso querendo saber se, aqui entre nós, alguém já questionou se a placa de formatura existe para algo além da composição dos ditames de uma formatura. Por que, nossos nomes em uma placa? Assim contarei a minha teoria... Os sentimentos são feitos de um material intocável. Passamos a vida inteira a sentir, sentir e sentir. Sentimos alegria, raiva, medo tristeza, frustração e amor. Mas ninguém há de me dizer qual a cor da vergonha ou da paixão ou da coragem. Não há um só alguém que eu conheça que possa me dizer qual a tez da decepção ou da sensação única do reencontro. Há alguém que possa dizer, qual era a altura e peso da maior felicidade que já experimentou? Para todas essas perguntas, todas as respostas são negativas. Passamos a maior parte do tempo tentando descrevê-los, mas nunca o retrato que pintamos se aproxima do corpo de qualquer sentimento. Por isso, o homem precisa materializar suas emoções. Para terem certeza de que elas existem, como se, um dia, o tamanho de cada sentimento extrapolasse a nossa crença na fé e nos levasse a querer tocar naquilo, como tornar o ruim sólido, para ser possível bani-lo de nossas vidas, ou como tornar o especial concreto, para que aquela sensação sagrada não se disperse. Assim, criamos o lugar ruim para onde não queremos ir, ou a coisa indesejada, que não queremos ver. Esse é o escape de nossa mente. Da mesma forma, quando duas pessoas se amam tanto, elas precisam que seu amor pule de um estado intocável, para a significância material de suas alianças, por que, somos humanos e somos passíveis de falhar ao acreditar naquilo que não vemos, tocamos ou cheiramos. Mas a aliança está ali, para que possamos olhá-la e lembrarmos que aquele amor existe.
              Eu acabo de dar a vocês a minha “Teoria da Placa”, como um presente de formatura. Ela é a coragem e a perseverança de cada um de vocês que se materializou e vai ficar aqui, para que outros possam passar e ver que vocês lutaram e foram vitoriosos. Vocês serão a inspiração deles e de outros que virão e cruzarão por aqui e olharão para essa placa, sonhando com o momento de descerrar a sua própria. Mais do que um símbolo ou trâmite cerimonial, ela terá uma função comum para todos vocês. A vida que começa agora é um trajeto repleto de altos e baixos. Um dia você acordará feliz com o que é, outros dias serão mais difíceis e você se sentirá afogado em angústias que jurará não conseguir suportar e olhará em volta e verá obstáculos que julgará não ser capaz de ultrapassar. Serão nesses dias, nos quais você se dirá derrotado, que deve vir aqui e olhar cada nome gravado nessa placa. Seu nome estará escrito nela e ao lê-lo você lembrará que sua força, coragem e perseverança existem e você pode tocá-las. Assim, será sua a certeza de que é maior do que qualquer coisa, pois, nesse ponto, toda a fé em si próprio será renovada e você continuará lutando, pois é isso que os vencedores fazem: lutam.
                Felicidades! Como um pai que se despede dos filhos, eu tenho muita fé em vocês. Vão pelo mundo, sejam éticos, honrados. Voltem algumas vezes por aqui para me contar o que fizeram e fazem e me encham de orgulho.


Angelo A. P. Nascimento

(Discurso realizado no descerramento da placa de formatura dos alunos do curso de Fisioterapia da FARN, em setembro de 2010.)



Muitas saudades de todos!!!

Angelo A. P. Nascimento

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Poeira


Eu brinco na poeira
Meu bem
Desenhando coisas lindas na sujeira
Pendurando nas teias
Fragmentos de tudo aquilo
Que guardado tem.

Não há caixas
Não há escritos
Há somente sentimentos
Mãos soltas
E olhares desvanecidos.

É tanto mofo
Que mal se vê
A claraboia dos teus olhos
Que ainda insiste
Em iluminar.

Angelo A. P. Nascimento

terça-feira, 3 de maio de 2011

[Des]Encontro

Sorte na tentativa
No encontro
No ermo confronto
No desiludido tanto.
Mas se desencontro for
Saibamos que ele também
É uma arte.

[Dolorosa espuma
Entre duas bocas
Que tateiam
E latejam
Perdidas.]

Angelo A. P. Nascimento

Deux línguas



Angelo A. P. Nascimento

Se os olhos ainda estiverem cansados de ler...

Sugestão de Luíza Possi, hoje, no twitter. Para se escutar de olhos fechados!


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Para quando os olhos cansarem de ler...

Zoada


Suas pernas não me deixaram partir
Sua pele
Seus pêlos
Seus sinais em seus ombros
O seu sono
E o cansaço dessa guerra.

Sei que chamas meu nome
E queria tanto escutar...
Mas a vida
Essa ingrata
Faz zoada...

Angelo A. P. Nascimento

domingo, 1 de maio de 2011

Listras


O mais bonito do amor
São os sorrisos
Abertos e vivos
São as mãos que se movem
Tontas de carinho
O mais bonito do amor
É você fazendo tudo isso.

[Me ama
                          Me ama
                                                         E me cansa]

E será sempre
Mais do que pobremente enxergamos:
Um quadro
A terminar de pintar
Uma música
De refrão nevrálgico
Um vaso com gérberas
A florescer e a murchar.
E se não houver mais nada
Será que há melhor motivo
para recomeçar?

[Me ama
                          Me ama
                                                       E me cansa
                                                                                         Esse amar]

Tua beleza
Perfeita
Em meio às listras.

[Um momento de amor
                                                                      Justifica uma vida inteira]

Angelo A. P. Nascimento
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